Johnny Marr - The Messenger
Foi preciso 26 anos para que Johnny Marr, ex-guitarrista dos
Smiths lançasse um disco sem a tutela de uma banda, apenas com seu nome
artístico. Esse tempo de maturação gerou The Messenger, lançado no fim de
fevereiro, um disco contraditório no contexto, mas não na qualidade.
Ao mesmo tempo em que apresenta sua guitarra altamente
melódica e altamente competente – como era de se esperar –, como cantor Marr
aparece com uma jovialidade que não desagrada, mas parece não lhe pertencer.
No disco, sua voz soa como a de uma novidade indie tímida
que causa estranhamento quando relacionada a uma das figuras mais respeitadas
do rock alternativo. Sensação passageira, visto que Marr e os Smiths nunca
precisaram rugir para ganhar espaço.
Essencialmente indie rock, The Messenger é um disco recheado
de canções radiofônicas, porém, não descartáveis, como "Upstarts",
"European Me" e "The Right Thing Right", a explosiva faixa
de abertura. Caprichando nas letras e principalmente no punho, Marr provou que
é possível ser comercial e original ao mesmo tempo, criando um disco necessário
para os dias de hoje.
The Messenger serve como aula para uma geração indie cada
mais chorosa e sem atitude, que ouviu R.E.M., Pixies, The Smiths e não aprendeu
muito, que prefere minar seus discos com experimentalismo desnecessário e um
espírito sofrível de juventude sem rumo do que lembrar que seu gênero é, de
acordo com as devidas proporções, um filho do rock.
Com exceção de uns poucos toques de sintetizador ("Say
Demesne") e algumas canções menos cadenciadas, Marr não arrisca muitas
artimanhas, fazendo de The Messenger um disco linear, ideal para sua proposta.
No entanto, quem espera um revival do estilo que consagrou o The Smiths, pode
se decepcionar. Aqui as influências da antiga banda do guitarrista são poucas.
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